Efeitos, potencialidades e limitações de intervenções nutricionais para o controle da obesidade

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Está bem descrito na literatura a relação da obesidade como um importante fator de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares e outras doenças crônicas, que diante do aumento das taxas de obesidade no mundo, esta vem sendo considerada uma pandemia.  Devido à sua etiologia complexa e multifatorial, o tratamento da obesidade deve ser abrangente e pode envolver programas de exercícios físicos e intervenções nutricionais e psicológicas, tratamentos farmacológicos e cirurgia bariátrica. No que se refere às intervenções nutricionais, uma metodologia clara, bem definida e alinhada às evidências que resulte em resultados satisfatórios, permanece rara.

Uma revisão sistemática publicada em 2020 resumiu efeitos, potencialidades e limitações das intervenções nutricionais destinadas ao cuidado da obesidade nos serviços de atenção primária e secundária, destacando as estratégias e teorias mais eficazes.

Foram analisados 28 estudos, que preencheram os critérios de inclusão da revisão. A maioria dos estudos foi realizada nos Estados Unidos ou em países de renda alta. Destes, 53,5% foram conduzidos a nível de atenção primária, 32,1% na atenção secundária e em 14,3% deles o local não foi descrito. A população dos estudos foi composta por adultos e idosos e a maioria do sexo feminino. O Índice de Massa Corporal médio dos estudos esteve entre 33,3 a 45,6 kg/m2.

As intervenções nutricionais empregadas nos estudos foram realizadas por equipes multidisciplinares ou apenas por nutricionistas ou psicólogos. Elas também diferiram quanto a abordagem individual, coletiva ou mista. As estratégias nutricionais mais comuns foram baseadas em: restrição de energia; alteração na distribuição de macronutrientes (carboidrato, gordura e proteína); e automonitoramento da dieta. Outras estratégias utilizadas foram: substituição de alimentos; alteração na frequência alimentar; habilidades para lidar com ambiente obesogênico; e dietas com baixo índice glicêmico ou ricas em fibras.

Todas as intervenções com abordagens coletivas e mais da metade das intervenções individuais ou mistas envolveram restrição energética. A tempo de duração das intervenções variou de 12 a 96 semanas. A maioria delas estabeleceu uma meta de ingestão calórica que variou entre 1000 e 1600 kcal por dia, outras definiram de acordo com peso ou sexo, ou reduziram 500 kcal por dia do gasto energético total. As teorias comportamentais estiveram presentes em 66,7% das intervenções coletivas, 23,1% das individuais e em 60% das mistas.

No que diz respeito à perda de peso, a maioria dos estudos alcançaram uma perda de peso significativa e moderada de, aproximadamente, 5% do peso inicial, após a intervenção nutricional. A chave, apontada pela revisão, para melhorar a perda de peso parece estar relacionada com algumas características das intervenções, como serem baseadas em teorias, especialmente entrevista motivacional e Teoria Cognitiva Comportamental; a presença de restrição calórica; e a condução das intervenções por nutricionistas e psicólogos.

Apesar dos estudos avaliados terem sido considerados eficazes para a perda de peso do grupo intervenção, quando comparadas ao grupo controle, deve-se ter cautela ao realizar tais comparações, uma vez que em todos os estudos também houve perda de peso no grupo controle. Além disso, houve divergências nas intervenções dos grupos controle relacionadas à frequência e tipo de dieta.  Sugere-se que o acompanhamento de rotina de um indivíduo com obesidade é importante para atingir um melhor resultado para a perda de peso. Além disso, é essencial o controle das variáveis nos grupos intervenção e controle para esclarecer os reais efeitos das intervenções nutricionais.

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