Artigo “Prevalências de obesidade em zonas rurais e urbanas no Brasil: Pesquisa Nacional de Saúde, 2013”

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A obesidade geral representa um fator de risco para diversas doenças crônicas, como acidente vascular cerebral, hipertensão, dislipidemias, diabetes mellitus e certos tipos de câncer, enquanto a obesidade abdominal é um importante preditor de gordura visceral e está fortemente correlacionado à maioria dos fatores de risco metabólicos, sendo considerada fator de risco independente para as doenças cardiovasculares.

Um estudo publicado em 2019 retratou a gravidade da epidemia da obesidade geral e abdominal em zonas rurais e urbanas no Brasil, a partir de dados com representatividade nacional (Pesquisa Nacional de Saúde – 2013).

No estudo, a obesidade geral foi definida a partir do Índice de Massa Corporal (IMC) superior ou igual a 30kg/m2, e para a análise da obesidade abdominal, utilizou-se a Circunferência da Cintura (CC) superior ou igual a 102 centímetros para homens e 88 centímetros para mulheres, de acordo com as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS).

Foram avaliados 59.226 indivíduos. Destes, 52,9% eram do sexo feminino, 38,2% apresentavam ensino médio completo ou superior incompleto, 44% residiam na região Sudeste e 86,2% eram moradores da zona urbana. A prevalência de obesidade geral foi de 20,8% e a de obesidade abdominal foi de 38%.

As prevalências de obesidade geral na zona urbana foram de 17,8% em homens e 24,7% em mulheres, enquanto na zona rural foram de 11,0% em homens e 21,8% em mulheres. A prevalência de obesidade geral foi maior do que a observada em 2008-2009, na Pesquisa de Orçamentos Familiares, quando atingiu 13,2% dos homens e 17,0% das mulheres das zonas urbanas, enquanto nas zonas rurais as prevalências foram de 8,8% e 17,0% em homens e mulheres, respectivamente.

Assim, comparando dados de 2013 e 2008-2009, nota-se que no Brasil o crescimento da obesidade geral está acontecendo de forma mais intensa na área urbana, diferente de outros países do mundo, conforme post anterior.

Em relação à obesidade abdominal em zonas urbanas, as prevalências foram de 23,7% em homens e 52,1% em mulheres, enquanto na zona rural foi de 14,8% em homens e 51,5% em mulheres. Ao comparar as prevalências entre os sexos, as maiores prevalências de obesidade foram observadas em mulheres, tanto na área urbana quanto rural, para obesidade geral ou abdominal.

O aumento das prevalências de obesidade na zona rural tem sido atribuído à modernização das sociedades, a qual ocasionou, entre outros fatores, a mecanização e a automação do trabalho rural. Concomitante a esse processo, a chamada transição nutricional levou a um maior aporte calórico, com aumento no consumo de gorduras, açúcares e cereais refinados. Além disso, os determinantes socioeconômicos, com destaque para a baixa renda e baixa escolaridade encontradas na zona rural, também já foram relacionados com o aumento do peso e descritos na literatura.

Ao avaliar a prevalência de obesidade nas diferentes regiões do Brasil, entre os homens as menores prevalências de obesidade geral foram observadas em zonas rurais para a região Norte e Nordeste, e ao considerar a obesidade abdominal, as menores prevalências foram observadas em zonas rurais de todas as regiões, exceto no Sul do Brasil. Em relação às mulheres, as prevalências de obesidade geral e abdominal em zonas rurais e urbanas foram semelhantes em todas as regiões, com exceção da região Centro-Oeste, onde a zona rural foi apresentou maior prevalência de obesidade abdominal após o ajuste para idade e cor da pele.

O estudo evidenciou clara heterogeneidade de prevalências entre as áreas e regiões estudadas para obesidade geral e abdominal. Em geral, menores valores foram observados em homens residentes de zonas rurais em todas as regiões. Em contrapartida, as prevalências de obesidade em mulheres foram maiores que as de homens tanto em zonas rurais quanto em zonas urbanas, salientando-se especialmente a maior diferença de obesidade abdominal entre mulheres em relação aos homens residentes em zonas rurais, representando um maior risco para doenças cardiovasculares e demais problemas de saúde para este grupo.

Para ler o artigo na íntegra, clique aqui.

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