Artigo “Alimentos ultraprocessados e o risco para excesso de peso e obesidade: uma revisão sistemática e meta-análise de estudos observacionais”

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O impacto do consumo de alimentos ultraprocessados no peso corporal tem fomentado a literatura dos últimos anos. Embora a maioria dos estudos tenha observado uma associação positiva entre o consumo de alimentos ultraprocessados e o excesso de peso ou a obesidade, alguns estudos não encontraram uma associação significativa. Um estudo publicado em agosto de 2020 no “International Journal of Obesity” foi o pioneiro a realizar uma revisão sistemática seguida de meta-análise com o objetivo de analisar esta associação.

Foram incluídos 14 estudos observacionais publicados em inglês, que consideraram alimentos ultraprocessados como a exposição e examinaram a associação com ganho de peso, excesso de peso e obesidade. Os estudos foram publicados entre 2014 e 2019 e compreendem um total de 189.966 participantes com idade entre 10 e 64 anos. Destes, a maioria dos estudos foram conduzidos no Brasil (7), e os demais no Canadá (1), nos EUA (1), na União Européia (1), na Guatemala (1), na Espanha (1) e um estudo multinacional que incorporou 19 países europeus.

O único estudo de coorte incluído nesta revisão, com participantes espanhóis, destacou que aqueles com maior consumo de alimentos ultraprocessados (no quarto superior de consumo) foram reconhecidos como tendo um risco maior de desenvolver sobrepeso ou obesidade comparados com os participantes com menor consumo (aqueles no quarto inferior). Os outros 13 estudos foram do tipo transversal e, destes, 10 sugeriram uma associação entre excesso de peso e obesidade e o consumo de alimentos ultraprocessados.

Dos 14 estudos incluídos, 10 preencheram os critérios de inclusão para realizar a meta-análise. Os resultados da meta-análise sugeriram que a ingestão de alimentos ultraprocessados está diretamente associada com o peso excessivo e a maiores chances de ocorrência de obesidade. Diversos mecanismos tem sido descritos para sustentar esta relação, como o elevado teor de energia dos alimentos ultraprocessados, além da grande quantidade de carboidrato refinado e de gordura, com alterações nos níveis de insulina e no mecanismo de neurocircuito de recompensa, o que aumenta o desejo por comida, e também sua ingestão excessiva e baixo teor sacietógeno pela baixa quantidade de fibras e de proteínas. Outros fatores não nutricionais também têm sido ressaltados como as grandes porções servidas e a publicidade em massa por veículos midiáticos, estimulando o consumo deste tipo de alimentos.

Portanto, os autores sugerem que limitar o consumo de alimentos ultraprocessados pode ser uma estratégia útil para a prevenção do ganho de peso e para o tratamento do excesso de peso e da obesidade.

Para ler o artigo na íntegra, clique aqui.

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