Artigo “Nutritional quality of foods and non-alcoholic beverages advertised on Brazilian free-to-air television: a cross-sectional study”

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Já está bem consolidado na literatura que a publicidade de alimentos influencia a escolha de alimentos. As propagandas de alimentos e bebidas na TV se concentram em produtos ultraprocessados, cujo consumo frequente caracteriza baixa qualidade da alimentação e uma maior probabilidade de excesso de peso, obesidade e doenças crônicas. Evidências também sugerem que a publicidade de alimentos influencia diretamente as preferências alimentares, especialmente do público infanto-juvenil. Diante deste contexto, políticas públicas que regulamentem a publicidade de alimentos e bebidas têm sido recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e Organização Pan Americana de Saúde (OPAS).

O perfil nutricional de alimentos e bebidas não alcoólicas anunciadas na televisão foi avaliado por um estudo brasileiro. Foram analisadas 432 horas transmitidas nos principais canais do país (Rede Globo, Record e SBT) em relação à frequência absoluta e relativa de anúncios de alimentos e bebidas dessas emissoras. Ainda, foi realizada uma análise do perfil nutricional dos alimentos por dia, horário do dia e tipos de programas.

O estudo encontrou que durante as 432 horas analisadas foram veiculados 1610 anúncios de alimentos e bebidas, o que representa 18,1% do total de anúncios exibidos nos canais analisados. Aproximadamente 78,9% de todos os alimentos e bebidas anunciados foram classificados como ultraprocessados e mais de 80% deles foram elegíveis para a restrição de marketing pela OMS e OPAS, devido ao seu elevado teor de nutrientes críticos (energia, açúcar, gorduras totais, gordura saturada, gordura trans e sódio). Apenas 15,1% da publicidade de alimentos e bebidas analisados correspondia a alimentos in natura ou minimamente processados, 4,3% a ingredientes culinários e 1,6% a alimentos processados.

A proporção de anúncios de alimentos ultraprocessados foi significativamente maior nos finais de semana (91,7%), no período da tarde e durante novelas. Considerando que aproximadamente 77% dos brasileiros com idade igual ou superior a 16 anos, assistem à TV regularmente (sete dias por semana), por pelo menos 3 horas por dia, torna-se preocupante, do ponto de vista da Saúde Pública, a exposição frequente desta população a alimentos ultraprocessados. Os resultados encontrados neste estudo sugerem que, apesar das recomendações das organizações de saúde (OMS e OPAS), a população brasileira não está protegida contra a publicidade de alimentos.

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