Tendência da prevalência de obesidade entre adultos brasileiros de 2002 a 2013 segundo escolaridade

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Com o crescente aumento da prevalência de obesidade nas últimas décadas, ela tem representado um grande desafio para os sistemas de saúde e sua prevalência tem mostrado variações de acordo com idade, sexo e fatores socioeconômicos, como renda e escolaridade. A identificação de tendências da prevalência de obesidade em subgrupos socioeconômicos da população nacional pode ajudar a planejar melhor medidas específicas de prevenção. Neste contexto, um estudo com dados de três pesquisas de abrangência nacional analisou as tendências de sobrepeso e de obesidade de acordo com sexo, idade e escolaridade entre adultos brasileiros.

Para estimar as tendências de sobrepeso e obesidade entre os anos de 2002 a 2013, foram utilizados os dados da Pesquisa de Orçamento Familiar 2002-2003 e 2008-2009 e da Pesquisa Nacional de Saúde 2013. A amostra total foi de 234.791 adultos, com idades entre 20 e 59 anos. A classificação do estado nutricional foi baseada no Índice de Massa Corporal (IMC) e sobrepeso e obesidade foram definidas como IMC entre 25,0 a 29,9 kg/m2 e superior a 30 kg/m2, respectivamente. A prevalência (percentual) de sobrepeso e de obesidade foi estimada por sexo, faixa etária (20-39 e 40-59 anos) e nível de escolaridade (pré-primário, primário, secundário e superior).

Durante o período analisado (entre 2002 a 2013), a prevalência de sobrepeso e de obesidade aumentou em ambos os sexos e nas duas faixas etárias em todas as pesquisas. Foi observado um aumento de 7,5% para 17,0% entre adultos de 20 a 39 anos e de 14,7% para 25,7% entre aqueles com 40 a 59 anos. Os homens apresentaram maior prevalência de sobrepeso e menor prevalência de obesidade em comparação com as mulheres, em todas as pesquisas. O estudo discute que a literatura tem apontado uma maior variação em relação ao sexo e a prevalência de obesidade especialmente em países em desenvolvimento.

Houve um aumento na proporção de indivíduos com os maiores níveis de escolaridade em ambos os sexos, de 2002 a 2013. As maiores mudanças no nível educacional ocorreram no nível superior, entre 2002 e 2013, e no secundário, entre 2008 e 2013. A prevalência de sobrepeso e de obesidade aumentou ao longo do tempo para todos os níveis de escolaridade e ambos os sexos. Os níveis educacionais mais altos apresentaram uma maior prevalência de sobrepeso e de obesidade para homens enquanto níveis educacionais mais baixos estiveram relacionados com uma maior prevalência de sobrepeso e de obesidade para as mulheres. Este resultado sugere que a educação foi diretamente associada à prevalência de sobrepeso e de obesidade entre os homens, enquanto essa associação foi inversa para as mulheres. O maior aumento na prevalência de obesidade foi de 90% (11,9% a 22,5%) e ocorreu de 2008 a 2013 entre as mulheres com ensino médio, enquanto entre aquelas com pré-primário houve um aumento de 42% (20,4% a 29,0%).

O aumento da prevalência de sobrepeso e de obesidade na última década entre os adultos brasileiros observado neste estudo tem implicações importantes para a saúde pública devido à sua associação com condições médicas crônicas e à alta morbimortalidade relacionada à obesidade, além dos custos para saúde pública. Ações direcionadas ao aumento da escolaridade da população devem ser combinadas com ações de educação alimentar e nutricional, a fim de impactar positivamente no estado nutricional dos brasileiros.

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