Artigo “Estratégias de intervenção nutricional para o manejo do sobrepeso e obesidade na atenção primária à saúde: uma revisão sistemática com meta-análise”

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O excesso de peso é um importante problema de saúde pública e tem sido apontado como a principal causa de morbimortalidade em adultos. Por apresentar etiologia multifatorial complexa, o sobrepeso e a obesidade são difíceis de tratar, dada sua múltipla determinação:  fatores comportamentais, ambientais, fisiológicos, genéticos, sociais e econômicos. As estratégias potenciais para o tratamento do excesso de peso devem incluir abordagens a nível populacional e individual.

A Atenção Primária à Saúde (APS) é uma abordagem de saúde e bem-estar para toda a sociedade, centrada nas necessidades e preferências dos indivíduos, famílias e comunidades. A APS tem um papel central na prevenção e no tratamento do sobrepeso e da obesidade da população, uma vez que tem maior proximidade com o cotidiano das pessoas e um maior potencial para compreender a dinâmica social e os determinantes da saúde de cada população, tornando-se um espaço privilegiado para o desenvolvimento de ações em saúde.

Em 2020, foi publicada uma revisão sistemática da literatura com meta-análise para sintetizar a eficácia das estratégias de intervenção nutricional para o manejo do sobrepeso e da obesidade na população adulta no contexto da APS.

A busca na literatura foi realizada nas bases de dados: PubMed, Embase, Web of Science, Cochrane e Lilacs, incluindo estudos publicados até janeiro de 2020. Os critérios para inclusão foram: estudos experimentais realizados no contexto da APS, considerando a comparação de um grupo que recebeu intervenção nutricional isolada ou associada a outra intervenção de estilo de vida; adultos com 18 anos ou mais, com sobrepeso ou obesidade; estudos que forneceram dados antropométricos; com duração de acompanhamento de pelo menos 3 meses de intervenção; e artigos originais com texto completo disponível em inglês, espanhol ou português.

Foram identificados 70 estudos, sendo 45 deles ensaios clínicos controlados e aleatorizados e 25 estudos não controlados (com avaliação do tipo antes e depois). Houve uma proporção maior de mulheres nos estudos (aproximadamente 75%) e a idade média dos participantes foi de 49 anos. A duração média do acompanhamento foi de 12 meses nos ensaios clínicos controlados e aleatorizados e 11 meses nos estudos não controlados. Os estudos priorizaram a mudança de comportamento alimentar em detrimento de prescrição dietética nas intervenções nutricionais propostas, tendo nutricionista, enfermeiro e médico como os principais profissionais responsáveis pela realização das intervenções.

Os resultados da meta-análise apontaram uma redução significativa nos parâmetros antropométricos, incluindo peso, Índice de Massa Corporal (IMC) e Circunferência da Cintura (CC). As intervenções nutricionais levaram a uma redução média de 1,8kg nos ensaios clínicos controlados e aleatorizados e de 4,14kg nos estudos não controlados. Apesar da pequena perda de peso encontrada nos ensaios clínicos controlados, observou-se que cerca de 40% dos participantes reduziram mais de 5% do peso com as intervenções.

A abordagem de prescrição dietética produziu um efeito maior na perda de peso em comparação com as abordagens comportamentais, mas apenas nos estudos não controlados. As intervenções nutricionais por si só produziram uma redução média de perda de peso mais alta, mas não significativa, quando comparadas com as intervenções multicomponentes (atividade física ou suporte psicológico). As intervenções realizadas por meio de sessões individuais ou em grupo mostraram um efeito positivo semelhante na redução do peso.

Os resultados também sugeriram uma associação não significativa entre o efeito do tratamento com a duração do acompanhamento, ou seja, as intervenções com mais de 12 meses de seguimento não foram eficazes na redução das medidas antropométricas nos ensaios clínicos controlados. Por fim, as análises de subgrupo e meta-regressão revelaram efeitos semelhantes sobre a redução do peso, IMC e CC, independente das características das intervenções nutricionais.

Para acessar o artigo na íntegra, clique aqui.

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