Contribuição da adiposidade e do tabagismo para mortes na Escócia e Inglaterra

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Por várias décadas, o tabagismo foi considerado um dos principais alvos das intervenções de Saúde Pública, diante da sua contribuição para as mortes evitáveis. Em 2005, 19% das mortes no Reino Unido foram atribuídas ao tabagismo. Entretanto, assim como em outros países desenvolvidos, a prevalência do tabagismo diminuiu. No Reino Unido, a prevalência era de 24% em 2005 e passou a corresponder a 17% em 2017. Neste mesmo período, a prevalência de obesidade aumentou de 23% para 29%. Embora fumar ainda seja o maior contribuinte para câncer em geral, a adiposidade agora excede o tabagismo em termos de contribuição para cânceres específicos, envolvendo sítios primários em órgãos como intestino, rim, ovário e fígado.

Diante deste cenário, um estudo publicado em 2021 teve como objetivo avaliar se a adiposidade excede o tabagismo em termos de contribuição para todas as causas de morte, seja na população da Inglaterra e Escócia como um todo, ou em subgrupos específicos de idade, sexo e socioeconômico.

As prevalências anuais de sobrepeso, obesidade e tabagismo foram obtidas a partir de pesquisas domiciliares nacionais da Escócia (Scottish Health Surveys – SHeS) e da Inglaterra (Health Surveys for England – HSE), que utilizam amostragem aleatória. O estudo utilizou dados dos participantes de ambos os sexos e com idade superior a 16 anos.

Uma medida de risco relativo (risk ratios – RR) foi utilizada, calculada a partir da razão de risco absoluto entre os grupos expostos (por exemplo, fumantes e indivíduos com obesidade) e de referência (por exemplo, nunca fumantes e indivíduos eutróficos). Para determinar o RR de morrer por sobrepeso, obesidade e tabagismo no contexto atual e nos anos anteriores, foi realizada uma busca sistemática na literatura, a partir da base de dados PubMed. Os RR e intervalos de confiança relatados na meta-análise mais recente foram usados neste estudo.

A população do estudo compreendeu 192.239 participantes, sendo 136.171 oriundos do HSE e 56.068 do SHeS. As mulheres representaram 56% dos participantes e a idade média foi de 49,9 anos. O Índice de Massa Corporal (IMC) médio consistiu em 27,4kg/m2 e cerca de metade dos participantes eram fumantes ou ex-fumantes.

Na amostra estudada, o percentual da população com obesidade aumentou de 22,8% em 2003 para 29,1% em 2017, para todos os grupos de idade, sexo e nível de educação; entretanto, os maiores aumentos foram observados em participantes na faixa etária de 45 a 64 anos, em mulheres e entre aqueles que continuaram a educação em tempo integral além dos 16 anos de idade. A prevalência de fumantes diminuiu de 26,3% em 2003 para 18,3% em 2017 e as maiores quedas foram observadas entre participantes com idade entre 16 a 44 anos, entre mulheres e entre aqueles que continuaram a educação em tempo integral além dos 16 anos de idade.

Diante dos resultados apresentados, a adiposidade ultrapassou o tabagismo como determinante de mortalidade desde 2014 e essa diferença aumentou para a população acima de 45 anos. Em faixas etárias inferiores a esta, o tabagismo permaneceu como o principal determinante para a mortalidade. Em geral, as mortes atribuídas ao tabagismo diminuíram de 23,1% em 2003 para 19,4% em 2017, enquanto aquelas atribuíveis à adiposidade (sobrepeso ou obesidade) aumentaram de 17,9% em 2003 para 23,1% em 2017. O cruzamento entre tabagismo e adiposidade ocorreu mais cedo entre os grupos de idade mais avançada e com maior frequência nos homens do que nas mulheres.

O estudo conclui que atualmente, a adiposidade é responsável por mais mortes na Inglaterra e na Escócia do que o tabagismo entre pessoas acima de 45 anos. Os autores sugerem que as estratégias nacionais para lidar com a adiposidade devem ser uma prioridade de Saúde Pública.

Para ler o artigo na íntegra, clique aqui.

 

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