Ambiente alimentar da vizinhança e obesidade

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A obesidade é um problema global de saúde pública que tem um aumento progressivo da sua prevalência, com o passar dos anos. Tradicionalmente, as medidas para reduzir a obesidade se concentram em mudanças de comportamento individuais. No entanto, estudos recentes sugerem que mudanças no ambiente “da vizinhança” onde os indivíduos vivem desempenham um papel importante no encorajamento ou desencorajamento de modos de vida saudáveis. Além disso, a literatura tem mostrado que características sociais e relacionadas ao ambiente construído (por exemplo, instalações esportivas e locais de compra de alimentos saudáveis) podem influenciar as taxas de obesidade, portanto, há necessidade de uma estrutura ambiental, além de fatores biológicos e comportamentais, para elucidar as variáveis relacionadas à obesidade. A associação de fatores ambientais e individuais com a obesidade dentro de um contexto urbano brasileiro foi objeto de estudo de uma publicação de 2015.

O estudo, do tipo transversal, foi conduzido com 5273 indivíduos, com idade entre 18 e 93 anos (idade média de 43,67 anos), de ambos os sexos (43,51% do sexo masculino), que participaram de 2008 a 2010 do VIGITEL (Sistema de Vigilância de Fatores de Risco para Doenças Crônicas Não-Transmissíveis), na cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais. Mulheres grávidas ou aquelas que não sabiam se estavam grávidas, indivíduos sem dados de Índice de Massa Corporal (IMC) e sem informações georreferenciadas foram excluídos das análises.

A variável dependente (desfecho) obesidade foi definida como IMC ≥ 30kg/m2, calculado a partir de dados de peso e altura relatados. As coordenadas geográficas de residência de cada participante foram baseadas em seu código postal (CEP) e foram utilizadas como unidades de vizinhança as áreas de abrangência das Unidades Básicas de Saúde (UBS). As variáveis individuais consideradas foram: sexo, idade, grau de escolaridade, estado civil, consumo regular de frutas e hortaliças, consumo de carne com gordura aparente, consumo de álcool, fumo e comportamento sedentário. As variáveis ambientais incluíram: número de restaurantes e estabelecimentos onde alimentos saudáveis estão disponíveis para compra, locais públicos e privados para a prática de atividade física, densidade populacional, taxa de homicídios e renda total da área de abrangência.

O estudo encontrou que o maior do número de estabelecimentos que comercializam alimentos saudáveis, de locais públicos e privados para a prática de atividade física e a renda total da vizinhança foram características significativamente associadas à menor chance de obesidade. Essas variáveis se mantiveram significativas após o ajuste para as variáveis individuais: idade, sexo, escolaridade e consumo de carne com gordura aparente. Estes resultados corroboram com outros estudos que já haviam indicado que os determinantes ambientais explicam, em partes, os indicadores de saúde da população.

Pessoas que vivem em áreas de nível socioeconômico mais elevado apresentam um maior consumo de alimentos saudáveis e bairros de baixa renda possuem menos locais para atividade física e uma maior ocorrência de comportamentos sedentários que bairros de alta renda. O status socioeconômico da vizinhança onde os indivíduos vivem pode influenciar sua saúde e afetar muitos fatores associados à obesidade como o acesso a estabelecimentos de comercialização de alimentos saudáveis, instalações esportivas e parques, assim como o preço e a disponibilidade de alimentos saudáveis.

Diante deste contexto, o estudo conclui que o enfrentamento da obesidade exige o desenvolvimento de estratégias eficazes de intervenção e a expansão de programas que abordem aspectos do ambiente físico e social da população e não apenas os aspectos individuais.

Para ler o artigo na íntegra, clique aqui.

 

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