Efetividade de intervenções que promovem o consumo de frutas e hortaliças

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Consumo de frutas e hortaliças: a efetividade das intervenções

O baixo consumo de frutas e hortaliças é um fator de risco modificável que contribui para o aumento da carga global de doenças não transmissíveis. Em 2017, 3,9 milhões de mortes em todo o mundo foram atribuídas ao consumo inadequado destes alimentos. O seu consumo adequado reduz o risco de uma variedade de condições crônicas de saúde, incluindo hipertensão, doença coronariana, derrame e diabetes tipo 2. As alegações do campo biológico favoráveis à promoção do consumo de frutas e hortaliças relacionam-se às suas concentrações de compostos bioativos, como antioxidantes, vitaminas, minerais e fibras. A concentração desses compostos pode diferir entre frutas e hortaliças, com frutas tipicamente contendo mais carboidratos e hortaliças, mais proteínas e fibras. Uma vez que certos tipos de frutas ou hortaliças são particularmente benéficos para determinados desfechos em saúde – por exemplo, hortaliças crucíferas (como brócolis, couve-flor, repolho) podem reduzir o risco de uma série de cânceres específicos, o incentivo ao seu consumo deve ser incluído em ações de promoção da saúde.

Dificuldades na adesão global a recomendação de consumo de frutas e hortaliças da OMS

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda um consumo combinado de pelo menos 400g de frutas e hortaliças por dia. No entanto, o consumo global atual de frutas e hortaliças fica aquém destas recomendações. Uma análise sistemática de pesquisas de nutrição referentes a diferentes países identificou que, em 2010, o consumo global de frutas foi de 81,3g/dia, onde apenas dois países tiveram um consumo médio de pelo menos 300g/dia.

Melhorar o consumo de frutas e hortaliças pela população representa um desafio considerável, já que seus determinantes são complexos e aninham-se em um sistema alimentar dinâmico, onde há interação de fatores como produção de alimentos, oferta e acessibilidade, ambientes alimentares e comportamentos individuais.

Estudo avalia a efetividade das estratégias de intervenção para promoção do consumo de frutas e hortaliças

Dada a importância de frutas e hortaliças para a saúde humana e a amplitude de estratégias sugeridas para melhorar o seu consumo, uma revisão “guarda-chuva” foi conduzida para apoiar a construção de um documento base para o Workshop Internacional de 2020 sobre Frutas e Hortaliças para Alimentação e Qualidade de Vida, da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO/OMS). O workshop visava apoiar organizações do setor público no desenvolvimento de políticas, estratégias, marcos regulatórios e outras estratégias nacionais de intervenção para melhorar o consumo de frutas e hortaliças pela população.

O objetivo geral do estudo foi examinar a efetividade das estratégias de intervenção para promover o consumo de frutas e hortaliças. Para tal, foram reunidas evidências de revisões sistemáticas sobre os efeitos das estratégias de intervenção, organizadas (quando apropriado) segundo ambiente em que foram implementadas. Também procurou-se descrever as lacunas das evidências (ou seja, áreas em que as evidências sobre efetividade das ações políticas recomendadas não foram sistematicamente sintetizadas). Tanto na síntese das evidências quanto na identificação de lacunas, foram utilizadas as áreas de política recomendadas pela World Cancer Research Fund International (WCRF) para orientar os esforços de melhoria da nutrição e saúde da população, que contempla medidas abrangentes em três grandes domínios: o ambiente alimentar, o sistema alimentar e a comunicação para mudança de comportamento.

Foi realizada uma busca sistemática em bases de dados eletrônicas e na literatura cinza para identificar revisões sistemáticas que descrevem os efeitos de qualquer estratégia de intervenção direcionada ao consumo de frutas e/ou hortaliças em crianças ou adultos.

Um total de 3.588 registros foram identificados por meio de pesquisa em bases de dados, com 115 adicionais encontrados por meio de pesquisas direcionadas do Google Scholar. Após a análise de duplicatas e a avaliação do texto completo, foram identificadas 46 revisões relatando os efeitos de 32 estratégias de intervenção. Após uma avaliação da data e da qualidade da pesquisa de revisão, os efeitos de 32 estratégias de intervenção foram sintetizados, a partir das 19 revisões incluídas no estudo.

Estratégias de intervenção implementadas em escolas, locais de trabalho, APS e campanhas na mídia de massa são eficazes para a promoção do consumo de frutas e hortaliças

As estratégias foram mapeadas em três domínios considerados pelo WCRF como principais no campo da alimentação e nutrição, mas sem contemplar todos os elementos que compõem esses domínios. Destacaram-se evidências que sustentam a efetividade de 19 das 32 estratégias de intervenção. Os resultados da presente revisão sugerem que as estratégias de intervenção implementadas em escolas, creches, lares, locais de trabalho e Atenção Primária à Saúde podem ser efetivas, assim como estratégias em saúde, campanhas educativas na mídia de massa, estratégias de produção de alimentos pelas famílias e intervenções fiscais.

Efeitos de estratégias para promoção do consumo de frutas e hortaliças: são necessários mais estudos

Uma gama de opções de estratégias efetivas está disponível para formuladores de políticas, gestores e profissionais interessados ​​em melhorar o consumo de frutas e/ou hortaliças pela população. No entanto, os efeitos de muitas estratégias – particularmente aquelas que visam as práticas de produção agrícola, a cadeia de abastecimento e o sistema alimentar mais amplo – não foram relatados em revisões sistemáticas. Estudos primários avaliando os efeitos dessas estratégias, bem como sua inclusão em revisões sistemáticas, são necessários para informar melhor os esforços nacionais e internacionais com vistas a contribuir com as condições de alimentação e saúde da população.

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