Treinamento sobre diretrizes alimentares como contribuição à promoção da saúde

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Treinamento em alimentação gera impacto positivo nas práticas de profissionais da Atenção Primaria à Saúde 

A discussão quanto o papel da obesidade no desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) vem crescendo nas últimas décadas. Adicionalmente, a dupla carga da má nutrição (caracterizada pela co-ocorrência de desnutrição e obesidade) aponta para a necessidade de elaboração de estratégias para promoção da saúde por meio da alimentação. A associação direta entre a qualidade da alimentação e o desenvolvimento de DCNT está na lista de prioridades da agenda global de políticas de saúde. Nesse sentido, os profissionais inseridos na Atenção Primária à Saúde (APS) são fundamentais neste processo e devem estar preparados para abordar este tema por meio de atividades que promovam a alimentação saudável, previstas em seu rol de atribuições e competências.

Profissionais da Atenção Primária à Saúde receberam treinamento com base no Guia Alimentar para a População Brasileira

As diretrizes alimentares brasileiras são reconhecidas internacionalmente ao abordar temáticas inovadoras e trazer recomendações baseadas na classificação NOVA, destacando a crítica sobre a relação entre o processamento industrial de alimentos, saúde, soberania alimentar e sustentabilidade. Um estudo controlado, envolvendo pré e pós-testes, teve como objetivo avaliar o impacto de uma intervenção educativa baseada no Guia Alimentar para a População Brasileira na prática de quatro equipes multidisciplinares e que atuam na Atenção Primária à Saúde. Os profissionais de saúde foram alocados de forma não aleatória em grupo controle (GC) e grupo intervenção (GI), sendo que este recebeu 16 horas de treinamento sobre as diretrizes alimentares brasileiras. A rotina das equipes de saúde foi observada utilizando-se uma escala validada anteriormente para avaliar práticas de promoção da alimentação saudável em unidades de Atenção Primária à Saúde. O instrumento de observação foi testado simultaneamente à frequência dos usuários no serviço de saúde e suas respostas foram avaliadas quanto à variabilidade e consistência das informações.

Estudo contou com avaliações pré e pós treinamento dos profissionais

Os profissionais foram observados por dois meses antes e após a intervenção. Em virtude da vinculação direta da natureza da profissão com a promoção da alimentação saudável, a observação de nutricionistas foi triplicada. O impacto da intervenção foi avaliado por meio de mudanças nas práticas dos profissionais de saúde em seus serviços. As atividades foram divididas em duas categorias: aquelas relacionadas à alimentação e nutrição; e outras atividades não diretamente ligadas ao campo. No segundo estágio da pesquisa realizada, as atividades foram classificadas segundo a categoria profissional. A aplicação das diretrizes alimentares foi avaliada por uma escala previamente validada, com 17 itens divididos em três dimensões: princípios, recomendações e obstáculos. A pontuação deu-se por escore referente às práticas observadas, variando entre 0 e17 pontos. A pontuação de cada grupo correspondeu à média das atividades diárias observadas na inserção de cada profissional. Os efeitos intergrupos decorrentes da intervenção foram estimados por regressão linear generalizada, com intervalo de confiança de 95%.

Comparação entre ações dos grupos intervenção e controle evidenciam efeito positivo nos que passaram pelo treinamento

O GI e o GC não apresentaram diferenças quanto às seguintes variáveis: características sociodemográficas, categoria profissional, tempo de treinamento, tempo de trabalho na equipe, número de observações entre nutricionista e outros profissionais ou escore de prática em relação ao uso das diretrizes.

O número de atividades no T0 (no início da observação) totalizou 73 e 77, para GC e GI, respectivamente. Em T1 (após intervenção), correspondeu a 90 no GI e se manteve para GC, evidenciando efeito significativamente positivo da intervenção educativa no escore GI em comparação ao GC, até mediante o ajuste por categoria profissional. Quando avaliado por categoria profissional isoladamente, houve aumento significativo principalmente entre os profissionais não nutricionistas do GI.

Intervenção educativa promove a mudança de práticas

Dentre as atividades compartilhadas entre as equipes de saúde, abordagens relacionadas às diretrizes alimentares no GI tiveram aumento significativo dentre as temáticas relacionadas a outros tipos de cuidados não diretamente ligados ao campo da alimentação e nutrição e em atividades realizadas por profissionais de saúde na ausência de nutricionista. Em suma, a intervenção mostra-se eficaz na promoção de mudanças nas práticas dos profissionais de saúde envolvidos na Atenção Primária à Saúde, e com isso, traz a luz à potência de estratégias de disseminação de diretrizes alimentares na própria Atenção Primária à Saúde.

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