O risco cardiometabólico pode ser definido como um conjunto de distúrbios metabólicos, incluindo: circunferência da cintura (CC) elevada; hipertensão arterial; colesterol e/ou triglicerídeos sérico elevados, os quais aumentam as chances de desenvolvimento de doenças cardiovasculares, principalmente na vida adulta. O risco aterogênico é definido como o conjunto de fatores que aumentam o risco de aterosclerose (depósito de gordura na parede das artérias sanguíneas), caracterizado principalmente pelas elevações séricas de colesterol de baixa densidade (LDL-c) e/ou triglicerídeos (TG).
Ambientes obesogênicos são aqueles cujas condições favorecem escolhas de vida não saudáveis, como aqueles com amplo acesso a alimentos não saudáveis, níveis mais elevados de criminalidade, menor condição socioeconômica e menor acesso a áreas verdes. Em contrapartida, ambientes leptogênicos são caracterizados por possuírem melhor acesso físico e financeiro a alimentos saudáveis, maior possibilidade de realizar caminhadas, acesso a área verde e instalações para lazer e/ou atividade física. O ambiente escolar é apontado como um importante espaço ativo na rotina da criança e pode influenciar no seu estado de saúde, seja positivamente ou negativamente. Com isso, um estudo teve como objetivo avaliar a relação dos ambientes obesogênico e leptogênico no entorno das escolas com o risco cardiometabólico na infância.
O estudo foi realizado em um município de Minas Gerais, com 378 crianças, sendo avaliadas medidas antropométricas e exames bioquímicos. O baixo risco aterogênico foi definido a partir de menores concentrações de TG e maiores concentrações de lipoproteínas de alta densidade (HDL-colesterol).
Com relação às escolas, 24 foram avaliadas no total. Para a avaliação do ambiente alimentar no entorno da escola, foi obtida informações de estabelecimentos que comercializam produtos alimentícios e de espaços públicos para lazer e prática de atividade física. Ainda, foi feita a análise das taxas de criminalidade e de acidentes de trânsito da região. A partir destas características foram definidos os ambientes escolares obesogênicose leptogênico.
Como principais resultados, o estudo aponta que: os ambientes escolares obesogênicos apresentaram mais estabelecimentos que comercializam alimentos ultraprocessados, maior criminalidade e acidentes de trânsito na área e maior capacidade de locomoção (ou caminhabilidade). O estudo apontou uma associação inversa entre o ambiente escolar obesogênico e baixo risco aterogênico, ou seja, o ambiente alimentar obesogênico está associado ao maior risco aterogênico.
Por fim, o estudo sugere que a adoção de políticas públicas regulatórias voltadas para a melhoria do ambiente escolar e de seu entorno são estratégias eficazes para promover hábitos de vida saudáveis e, consequentemente, reduzir o risco aterogênico em crianças.