Estratégias para redução do estigma do peso na atenção à saúde

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O estigma social relacionado ao peso impacta negativamente a qualidade dos cuidados em saúde e dificulta os objetivos de saúde pública. Identificar maneiras amplamente aplicáveis ​​para reduzir efetivamente o estigma do peso é urgente e necessário. Um estudo de revisão avaliou estratégias para a redução do estigma de peso entre profissionais de saúde.

Foi realizada uma revisão de escopo com busca nas bases de dados PubMed, PsycINFO e Scopus até junho de 2020. Foram avaliados estudos de intervenção que buscaram reduzir o estigma do peso em estudantes e profissionais de saúde. Foram excluídos os estudos que não mediam os efeitos sobre o estigma, revisões e estudos observacionais. Foi realizada uma síntese narrativa para descrever as intervenções e o efeito das estratégias identificadas.

Foram identificadas cinco principais estratégias para redução do estigma do peso: 1) Maior educação (conhecimentos e habilidades); 2) Informações causais; 3) Evocação da empatia; 4) Abordagem inclusiva de peso e; 5) Metodologia mista.

Atitudes negativas relacionadas a pessoas com sobrepeso ou obesidade podem decorrer de conhecimentos e habilidades inadequadas. Uma possível solução tem sido o aumento na educação com o desenvolvimento de programas educacionais sobre obesidade e saúde relacionada ao peso, não apenas sobre determinantes mais amplos, mas também por meio de discussões sobre os danos causados ​​por normas e mensagens sociais e culturais relacionadas ao peso corporal.

A divulgação de informações causais sobre sobrepeso e obesidade (em detrimento da abordagem de controle – ou da falta deste – e de responsabilização dos sujeitos), com foco nos determinantes genéticos, socioambientais e atitudes negativas acerca do controle do peso, se associaram a modificação de comportamentos e crenças negativas em pessoas com obesidade. No entanto, esses resultados necessitam ser interpretados com cautela, pois produziram resultados variados na redução do estigma, o que pode refletir crenças fortemente mantidas de que o peso é uma responsabilidade pessoal. Assim, quando se pretende educar os indivíduos sobre o controle do peso, é necessário que as informações sejam claras, convincentes e fornecidas em profundidade.

A evocação da empatia, utilizada como estratégia  para a redução do estigma do peso, é essencial para um cuidado terapêutico eficaz, no entanto não está bem esclarecida pela literatura sua efetividade para mudanças sobre o estigma de peso em longo prazo. Já em relação aos estudos que abordam o paradigma de peso inclusivo, embora estes sejam promissores, as conclusões sobre o assunto também são limitadas pela falta de estudos controlados.

Foram observadas poucas de evidências de que o uso de métodos únicos ou múltiplos seja melhor para reduzir o estigma do peso, no entanto o crescente interesse de pesquisas acerca do estigma do peso é encorajador.  A maioria das intervenções de métodos mistos incluídas nesta revisão foram bem-sucedidas em mudar as crenças dos participantes sobre as causas incontroláveis ​​da obesidade e na redução da culpa, no entanto, a mudança de atitudes e preconceito implícito permaneceu um desafio.

Com base nos resultados da revisão, foram elaboradas três recomendações principais para a redução do estigma relacionadas à educação, prática e pesquisa em saúde: 1) Educar todos os estudantes de saúde sobre os fatores complexos que interferem e regulam o peso corporal e abordar explicitamente o estigma do peso, sua prevalência, origens e impacto; 2) Se afastar de uma abordagem de cuidados de saúde centrada apenas no peso para uma abordagem focada também na saúde e; 3) Garantir que pesquisadores analisem e considerem os efeitos de confusão do estigma do peso ao realizar pesquisas sobre a relação entre peso, saúde e mortalidade.

A erradicação do estigma do peso na sociedade deve ser tratada como uma prioridade de saúde pública, requerendo uma abordagem sistêmica completa, com a cooperação de uma ampla gama de partes interessadas, entre as quais: profissionais de saúde, pacientes, educadores, pesquisadores e formuladores de políticas.

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