Equidade nas intervenções para redução da obesidade

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A obesidade é o principal problema de saúde pública contemporâneo. Por isso, intervenções para seu enfrentamento são prioridade no cenário mundial. Estudo realizado no México comparou a relação custo-efetividade e equidade das intervenções clínicas (individuais) e populacionais para redução da obesidade.

O estudo em questão explorou cinco intervenções para redução da obesidade, das quais duas eram intervenções consideradas populacionais: aumento de 10 e 20% nos impostos sobre bebidas açucaradas; e três medidas individuais, sendo estas cirurgia bariátrica, farmacoterapia (orlistat) e aconselhamento dietético.

Os dados foram coletados do Encuesta Nacional de Salud y Nutrición (ENSANUT) 2012, uma pesquisa com dados representativos da população mexicana, envolvendo 45.000 domicílios. O índice de Massa Corporal (IMC) para os indivíduos com 20 anos ou mais foi calculado de acordo com os limites estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS), além de terem sido analisados dados faixa etária e nível socioeconômico dos participantes. Para os cada uma das intervenções foi calculado: 1) custos de implementação ao longo de um período de 1 ano, 2) custo por pessoa e 3) custo por quilograma de peso.

Todas as intervenções estudadas apresentaram efeitos positivos sobre a obesidade, no entanto, a intervenção com maior impacto na mudança da categoria de IMC durante 1 ano foi o aumento de 20% do imposto de bebidas adoçadas, elevando a prevalência de pessoas na categoria de eutrofia em quase 4,50% (»794.000 pessoas) e diminuindo a prevalência de obesidade em 2,75% (»485.000 pessoas). As intervenções com menos impacto foram a farmacoterapia e cirurgia bariátrica. Embora, o orlistat e a cirurgia bariátrica não tenham tido impacto na categoria de eutrofia do IMC, eles produziram uma redução de 3,68% (1,22 pontos percentuais) e 1,18% (0,39 pontos percentuais) na prevalência de obesidade.

Apesar de ser uma das intervenções com menor impacto na mudança de categorias de IMC no enfrentamento da obesidade, a cirurgia bariátrica teve o maior custo de implementação (US$ 8.814 milhões) e o menor alcance (860.000 pessoas) na população. Esta foi seguida pelo aconselhamento dietético e o uso de orlistat, que tiveram custos líquidos semelhantes (US$ 2.670 e US$ 2.805 milhões). No entanto, o aconselhamento dietético atingiu mais pessoas do que o uso do fármaco (7,9 vs 4,6 milhões de pessoas). O aumento no imposto (10 e 20%) apresentou custos de implementação muito mais baixos quando observado o custo por pessoa (US$ 0,09 por pessoa), uma vez que seu alcance na população é muito maior.

As intervenções clínicas impactaram os grupos socioeconômicos de maneira diferente. Elas apresentaram um impacto positivo de maior magnitude entre os indivíduos de alto nível socioeconômico, que têm maior acesso aos cuidados de saúde, porém, produziriam poucos benefícios para pessoas com baixo nível socioeconômico.

A obesidade é um problema complexo, e por isso esperar que apenas uma intervenção seja capaz de reduzir drasticamente sua prevalência é ingênuo. As intervenções individuais, como a cirurgia bariátrica, são muito efetivas na redução de peso, porém não alcançam uma parcela grande da população, principalmente a parcela com menos recurso financeiro. Já as intervenções populacionais, alcançam uma grande parcela da população, até mesmos os indivíduos que não apresentam obesidade. Por isso, ambas as abordagens precisam ser consideradas com o intuito de avançar no controle da obesidade.

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2 Comments

  1. Geovania da Silva disse:

    Gostaria de participar do projeto juntamente com meu filho..o que posso fazer para receber está ajuda pra e para meu filho .. ele tem 14 anos está pesando 82 kilos eu tenho 37 anos e peso 130 kilos…desde já agradeço a atenção

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