A América Latina é a região mais urbanizada do mundo, abriga várias cidades com mais de 10 milhões de habitantes, além de muitas cidades pequenas e médias em rápido crescimento. Essas cidades têm uma grande heterogeneidade dentro e entre elas, em seus espaços modificados pelo homem ou ambiente construído. Uma vez que os fatores ambientais e sociais são determinantes importantes para a saúde de uma população, é importante conhecer se a heterogeneidade dentro e entre as cidades e outros atributos dos ambientes construídos estão relacionados a diferentes perfis de saúde.
Um estudo publicado em 2022 avaliou a associação entre características do ambiente construído de unidades administrativas, como bairros (densidade de intersecção, áreas verdes e densidade populacional), e nas cidades (fragmentação e isolamento), com Índice de Massa Corporal (IMC), obesidade e diabetes mellitus tipo 2 (DM2) da população residente.
O estudo utilizou os dados do projeto SALURBAL (Saúde urbana na América Latina), o qual compilou dados sociais, de ambiente construído e pesquisas de saúde para examinar aspectos de saúde em todas as cidades com mais de 100.000 habitantes, em 11 países latino-americanos (Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Risca, Guatemala, México, Nicarágua, Panama, Peru, El Salvador). O presente estudo não incluiu a Costa Rica. Foram avaliados dados de adultos com 18 anos ou mais.
A densidade de intersecção mede o número de intersecções por km2 e representa a conectividade das ruas, que já foi associada a uma maior probabilidade de caminhada e atividade física. Os resultados encontrados mostram que quanto maior a densidade de intersecção, maiores os níveis de IMC ou chances de obesidade e diabetes.
A exposição a níveis mais elevados de áreas verde nas cidades latino-americanas mostrou níveis mais baixos de IMC e menores chances de diabetes e obesidade.
A densidade populacional tem sido associada a maiores taxas de caminhada para deslocamento e outros fins e esteve negativamente associada à DM2.
A fragmentação da cidade são áreas maiores e pequenas representando desenvolvimento descontínuo, caracterizado pela expansão urbana e, neste estudo, foi negativamente associada ao IMC e à obesidade.
O isolamento da cidade diz respeito à distância por área até o trecho mais próximo acompanhado de infraestrutura de transporte em massa. Essa característica pode afetar o quanto as pessoas precisam se deslocar para chegar a outros locais da cidade reduzindo o transporte ativo. Entretanto, o isolamento da cidade não foi associado ao IMC, obesidade ou diabetes.
Os resultados encontrados apresentam implicações importantes para a América Latina no que diz respeito ao planejamento e implementação de intervenções urbanas a fim de reduzir a carga da obesidade e DM2.