Projeção da carga de DCNT atribuível ao excesso de peso no Brasil de 2021 a 2030

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As Doenças Crônicas Não-Transmissíveis (DCNT) são as principais causas de morte no mundo e a obesidade representa, por si só, um fator de risco para várias outras DCNT. Nas últimas décadas, a prevalência de excesso de peso (sobrepeso e obesidade) aumentou em todas as faixas etárias no Brasil e as doenças atribuíveis à esta condição representam um custo elevado para o Sistema Único de Saúde (SUS). Embora vários estudos tenham estimado a carga epidemiológica atual do excesso de peso no Brasil, nenhum deles estimou esta carga no futuro. Um estudo publicado em 2022, teve como objetivo estimar os impactos de diferentes cenários de mudança na prevalência de excesso de peso sobre a incidência e mortalidade por DCNT na população adulta brasileira de 2020 a 2030.

Foram considerados quatro possíveis cenários: (1) a manutenção da taxa de aumento do Índice de Massa Corporal (IMC); (2) a redução da taxa de aumento pela metade daquela observada de 2006 a 2019; (3) a manutenção da atual prevalência de excesso de peso (a meta nacional do Plano Nacional de enfrentamento das DCNT); e (4) a redução da prevalência de excesso de peso em 6,7% (equivalente ao estabelecido pelos EUA no Plano de Pessoas Saudáveis 2030).

No Brasil, entre 2006 e 2019, a prevalência de excesso de peso da população adulta brasileira aumentou de 42,7% para 55,4%, correspondendo a um aumento médio que variou de 5 a 17%, a depender da faixa etária e do sexo. Ao aplicar as taxas médias de aumento atuais para os próximos 10 anos, o IMC médio projetado passaria de 26,2kg/m2 em 2020 para 27,8kg/m2 em 2030, atingindo uma prevalência de excesso de peso de 62% da população, em 2030. Se essas tendências de aumento se mantiverem no período de 2021 a 2030, estima-se que aproximadamente 5,26 milhões de novos casos de DCNT e 808,6 mil mortes por DCNT ocorram em decorrência do excesso de peso, neste período.

A carga na incidência de doenças seria maior para diabetes (54,8% do total de casos atribuíveis de doenças relacionadas ao excesso de peso), seguido por doença renal crônica (32,7%) e doenças cardiovasculares (8,3%). Em termos de carga de mortes, as doenças cardiovasculares corresponderiam a 59,2% das mortes atribuíveis ao excesso de peso de 2020 a 2030, enquanto a diabetes seria responsável por 17,5% das mortes.

Comparando os diferentes cenários, o estudo encontrou que se o percentual anual de aumento de excesso de peso for reduzido pela metade até 2030 (cenário 2), aproximadamente 29.600 novos casos de DCNT e 1.900 mortes podem ser evitados. Se a atual meta nacional de manter a atual prevalência de excesso de peso for atingida (cenário 3), cerca de 92.900 casos e 12.100 mortes podem ser evitados. Por fim, se o país atingir a meta otimista de redução de 6,7% na prevalência de excesso de peso (cenário 4), cerca de 182.100 casos da doença e 33.900 mortes podem ser evitados.

Estes resultados auxiliam na compreensão da carga futura do excesso de peso no país e reforçam a importância e urgência de políticas públicas abrangentes que envolvam ambientes alimentares e educação alimentar e nutricional, fundamentais para prevenção do excesso de peso e DCNT no Brasil.

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