Tendências de prevalência da obesidade infantil e adolescente e estimativa dos custos atribuíveis

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A obesidade infantil e adolescente representa atualmente um grande desafio de saúde pública. Globalmente, em 2020, havia aproximadamente 175 milhões de crianças com mais de 5 anos de idade e adolescentes com obesidade e, se as tendências atuais não forem modificadas, esse número pode aumentar para 383 milhões até 2035. No Brasil, apesar da ausência de pesquisas nacionais regulares sobre nutrição infantil na última década, a prevalência de obesidade entre crianças brasileiras menores de 12 anos foi estimada em 12,2% em uma revisão sistemática. Além disso, a prevalência de obesidade entre crianças de 5 a 9 anos acompanhadas no Sistema Único de Saúde (SUS) pela Atenção Primária à Saúde atingiu 13,2% em 2018. Para adolescentes, pesquisas nacionais mostraram um aumento gradual na prevalência de sobrepeso e obesidade nas últimas décadas.

A literatura mostra que, comparadas às crianças com peso adequado, crianças com obesidade tem um risco aumentado de apresentarem problemas de saúde durante a infância, como diabetes tipo 2, hipertensão, asma, apneia do sono, problemas musculoesqueléticos e distúrbios metabólicos, bem como menor autoestima, maior risco de bullying e menor desempenho escolar. Além disso, a obesidade na infância e adolescência também tem repercussão na vida adulta, sendo um forte preditor de obesidade, aumentando o risco de doenças crônicas não transmissíveis e repercutindo negativamente em fatores socioeconômicos, como redução da empregabilidade, baixa produtividade e menores salários.

Considerando essa associação entre obesidade durante a infância e adolescência e desfechos em saúde negativos na vida adulta, muitos estudos começaram a projetar os impactos da obesidade infantil na morbidade e mortalidade associadas às comorbidades e os custos diretos do tratamento dessas doenças e os custos indiretos para a sociedade relacionados à mortalidade prematura e aposentadoria e perdas de produtividade devido ao absenteísmo e presenteísmo.

No Brasil, estudos anteriores estimaram o ônus econômico das doenças relacionadas à obesidade entre adultos para o SUS, no entanto, há necessidade de desenvolver estudos sobre os custos atribuíveis à obesidade infantil e adolescente. Portanto, o estudo apresentado visa preencher uma lacuna de conhecimento sobre o ônus econômico da obesidade infantil e adolescente no Brasil. Os objetivos deste estudo foram analisar as tendências de prevalência da obesidade infantil e adolescente e estimar seus custos diretos de saúde para o SUS de 2013 a 2022.

De acordo com os sistemas de informação de saúde brasileiros, a obesidade apresenta tendências diferentes entre crianças e adolescentes. Para crianças menores de 5 anos de idade, a prevalência de obesidade mostrou uma pequena redução de 2013 a 2022 (redução de 2,97% ao ano), começando em 8,46% em 2013 e atingindo 6,63% em 2022. Entre crianças de 5 a 9 anos de idade, a prevalência de obesidade passou de 11,92% para 16,21% (aumento de 3,03% ao ano) e entre adolescentes de 5,77% para 12,78% (aumento de 6,48% ao ano).

De acordo com informações do Sistema Nacional de Informações Hospitalares, a obesidade raramente é considerada uma causa primária de hospitalização de crianças de 1 a 9 anos. Para adolescentes, o número total e os custos de hospitalizações tendo a obesidade como causa primária são maiores, especialmente para aqueles com idade entre 15 e 19 anos (95% das hospitalizações, custando $ 2,57 milhões).

Durante a última década, os custos totais de saúde não hospitalares pagos pelas famílias, os custos ambulatoriais e os custos de medicamentos foram estimados em um total de $ 43,20 milhões, dos quais $ 6,02 milhões representaram custos adicionais atribuíveis à obesidade infantil.

Portanto, considerando a soma dos custos totais hospitalares, não hospitalares, ambulatoriais e de medicamentos para crianças e adolescentes com obesidade foi estimada em quase $ 761,71 bilhões de 2013 a 2022, e os custos adicionais atribuíveis à obesidade infantil totalizaram aproximadamente $ 107,58 milhões durante a última década.

Os resultados deste estudo mostram a necessidade de fortalecer e expandir o controle e a prevenção da obesidade infantil no Brasil, considerando intervenções mais custo-efetivas para tratar sobrepeso e obesidade e promover políticas regulatórias e fiscais que promovam ambientes alimentares saudáveis ​​durante todas as fases da infância e adolescência. Paralelamente, a educação sobre dietas saudáveis ​​deve ser fornecida para todas as faixas etárias com base nas recomendações das diretrizes alimentares nacionais existentes, como o Guia Alimentar para a População Brasileira.

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1 Comment

  1. Tablet disse:

    Muito informativo vou compartilhar

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