O sobrepeso e a obesidade são uma epidemia global. Em 2021, 3,71 milhões de mortes e 129 milhões de anos de vida ajustados por incapacidade foram atribuídos ao sobrepeso e à obesidade. Nas últimas duas décadas, as taxas globais de anos de vida ajustados por incapacidade padronizadas por idade associadas ao sobrepeso e à obesidade aumentaram em mais de 15%, colocando-os entre os principais fatores de risco, além de representar o risco com o aumento mais acentuado na carga atribuível. Com o aumento contínuo de obesidade entre crianças e adolescentes em todo o mundo, o sobrepeso e a obesidade em adultos tendem a crescer. Consequentemente, a ocorrência de várias doenças crônicas não transmissíveis – particularmente diabetes, doenças cardiovasculares e câncer – também continuará a aumentar. Para dar suporte ao planejamento de políticas públicas de longo prazo e destacar a necessidade urgente de ação, é essencial entender o cenário atual do sobrepeso e da obesidade e prever trajetórias futuras. Nesse contexto, o presente estudo examinou as tendências históricas da prevalência global, regional e nacional de sobrepeso e obesidade em adultos de 1990 a 2021 e projetou as trajetórias futuras até 2050.
Aproveitando a metodologia estabelecida do Global Burden of Diseases, Injuries, and Risk Factors Study, os autores estimaram a prevalência de sobrepeso e obesidade entre indivíduos com 25 anos ou mais por idade e sexo para 204 países e territórios de 1990 a 2050. As tendências de prevalência retrospectivas e atuais foram derivadas com base em dados antropométricos autorrelatados e medidos extraídos de 1350 fontes exclusivas, que incluem microdados e relatórios de pesquisa, bem como a literatura publicada sobre o tema.
As taxas de sobrepeso e obesidade aumentaram nos níveis global e regional, e em todas as nações, entre 1990 e 2021. Em 2021, estima-se que 1,00 bilhão de homens adultos e 1,11 bilhão de mulheres adultas tinham sobrepeso e obesidade. A China tinha a maior população de adultos com sobrepeso e obesidade (402 milhões indivíduos), seguida pela Índia (180 milhões) e os EUA (172 milhões). A maior prevalência padronizada por idade de sobrepeso e obesidade foi observada em países na Oceania e norte da África e Oriente Médio, com muitos desses países relatando prevalência superior a 80% dos adultos. Em comparação com 1990, a prevalência global de obesidade aumentou em 155,1% em homens e 104,9% em mulheres. O aumento mais rápido na prevalência de obesidade foi observado no norte da África e na super-região do Oriente Médio, onde as taxas de prevalência padronizadas por idade em homens mais que triplicaram e em mulheres mais que dobraram. Assumindo a continuação das tendências históricas identificadas, até 2050, os dados preveem que o número total de adultos vivendo com sobrepeso e obesidade chegará a 3,80 bilhões, mais da metade da população adulta global estimada para a época. Enquanto a China, a Índia e os EUA continuarão a constituir uma grande proporção da população global com sobrepeso e obesidade, o número na super-região da África Subsaariana está previsto para aumentar em 254,8%. Na Nigéria, especificamente, o número de adultos com sobrepeso e obesidade está previsto para aumentar para 141 milhões até 2050, tornando-se o país com a quarta maior população com sobrepeso e obesidade no mundo.
O estudo ressalta que o avanço da epidemia do sobrepeso e da obesidade causará mais resultados adversos evitáveis de saúde nas próximas décadas do que qualquer outro risco modificável em nível individual. Medidas preventivas são urgentemente necessárias, particularmente em regiões como a Ásia e a África Subsaariana, onde um aumento no número de indivíduos com sobrepeso e obesidade é antecipado, e os sistemas de saúde existentes estão mal equipados para a rápida escalada de doenças crônicas não transmissíveis. Iniciativas urgentes, ousadas e abrangentes são imperativas para permitir a colaboração multissetorial e impulsionar reformas estruturais para abordar os fatores influenciam o sobrepeso e a obesidade em níveis individuais e populacionais. Embora os medicamentos de nova geração para o tratamento da obesidade pareçam promissores, estratégias de saúde pública que envolvam todo o sistema continuarão a ser cruciais para alcançar um impacto generalizado e sustentável.