Qualidade da dieta e risco de ganho de peso

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Nos últimos anos, a ciência da nutrição tem se debruçado sobre as relações entre o consumo de diferentes grupos de alimentos e o ganho de peso, uma vez que a prevalência de obesidade continua crescendo ao longo dos anos em todo o mundo.

Dentre as diferentes formas de avaliação de grupos de alimentos, a classificação NOVA – que orienta a recomendações do Guia Alimentar para a População Brasileira– categoriza os alimentos em 4 grupos: 1) alimentos in natura ou minimamente processados; 2) ingredientes culinários processados; 3) alimentos processados; e 4) alimentos ultraprocessados.

Na classificação, destaca-se o grupo de alimentos ultraprocessados, que são formulações industriais à base de ingredientes extraídos ou derivados de alimentos (óleos, gorduras, açúcar, amido modificado) ou, ainda, sintetizados em laboratório (corantes, aromatizantes, realçadores de sabor, etc.). Os rótulos podem conter listas enormes de ingredientes. A maioria deles tem a função de estender a duração do alimento e dotá-lo de cor, sabor, aroma e textura para torná-lo atraente.

Neste sentido, um estudo teve como obtivo avaliar a associação prospectiva de dois escores de qualidade da dieta baseados na classificação de alimentos NOVA, com o aumento do Índice de Massa Corporal (IMC).

Para tanto, foram avaliados 9.551 participantes do estudo de coorte NutriNet-Brasil, que tem como objetivo principal acompanhar a população e investigar a associação prospectiva entre características da dieta e desfechos de saúde relacionados a doenças crônicas não transmissíveis no Brasil.

O escore NOVA avalia o consumo de 33 tipos de alimentos in natura ou minimamente processados (hortaliças, excluindo batatas e mandioca; frutas, exceto suco de frutas; cereais integrais; leguminosas; e nozes e sementes sem sal) (NOVA-InNAT) e de 23 tipos de alimentos ultraprocessados (bebidas prontas, como refrigerantes, bebidas lácteas aromatizadas; salgadinhos, como batatas fritas embaladas; barras de cereais adoçadas; refeições prontas para o consumo, como macarrão instantâneo e produtos cárneos reconstituídos; e produtos alimentícios que comumente acompanham as refeições principais, como molhos para salada) (NOVA-AUP).

Para a construção dos escores, se o indivíduo consumiu um dos alimentos perguntados, é atribuída a pontuação 1 e o somatório para cada um dos grupos constitui cada um dos escores. O valor dessas pontuações na população foi avaliado por quintos (que divide de forma homogênea a população em 5 partes, com escores semelhantes entre si). Portanto, o menor quinto representa o grupo de pessoas com menor consumo de um dos grupos de alimentos, e o maior quinto, representa o grupo de maior consumo.

A mudança do IMC – que é obtido pela divisão do peso do indivíduo pela sua altura ao quadrado – foi avaliado aproximadamente 15 meses após o início do estudo.

Como principais resultados do estudo, foram evidenciados que o aumento da pontuação do escore NOVA-AUP foi associado a um maior risco de ganho de IMC. Indivíduos com maior consumo de alimentos ultraprocessados possuem um risco 34% maior de aumento de IMC comparado com indivíduos de menor consumo. Já o aumento da pontuação do escore NOVA-InNAT foi associado a menor risco de ganho de IMC, funcionando como fator de proteção para o ganho de peso.

Por fim, o estudo conclui que as pontuações obtidas pelos escores NOVA estão associadas com o IMC, ou seja, pessoas com maior consumo de ultraprocessados possuem maior risco de ganho de peso, e pessoas com maior consumo de alimentos in natura, possui baixo risco.

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1 Comment

  1. andre disse:

    olá meu nome é André e sou fã do blog de vocês seu conteúdo vem me ajudando bastante, muito obrigado

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