Tendências mundiais do baixo peso e da obesidade de 1990 a 2022

Ferramentas para promoção e avaliação da alimentação adequada e saudável desenvolvidas no Brasil: uma revisão de escopo
26 de março de 2024
Tributação nacional sobre bebidas açucaradas e sua associação com sobrepeso, obesidade e diabetes
16 de abril de 2024

As tendências de baixo peso e obesidade têm variado substancialmente entre países e grupos etários, podendo, ainda, mudar independentemente um do outro em algumas regiões. Apesar dessas heterogeneidades, os dados globais sobre como a carga combinada (dupla) de má nutrição, que inclui baixo peso e obesidade, mudou em termos de magnitude e composição são escassos, e os dados mais recentes sobre a prevalência de cada um desses eventos são de 2016.

A falta de evidências consistentes pode dificultar a alocação de recursos e a formulação de políticas para abordar ambas as formas de má-nutrição. O baixo peso e a obesidade estão associados a desfechos adversos em termos de saúde ao longo da vida. Nesse contexto, o presente estudo estimou a prevalência individual e combinada de baixo peso ou magreza e obesidade, e as suas tendências de 1990 a 2022 para crianças e adolescentes (5 a 19 anos) e adultos em 200 países e territórios. Foram agrupados estudos de base populacional com medições de altura e peso em amostras da população em geral de uma base de dados compilada pela NCD Risk Fator (NCD-RisC).

De 1990 a 2022, para os adultos, a prevalência combinada de baixo peso e obesidade em adultos diminuiu em 11 países (6%) para as mulheres e em 17 países (9%) para os homens. A prevalência combinada aumentou em 162 países (81%) para as mulheres e em 140 países (70%) para os homens. Em 2022, a prevalência combinada de baixo peso e obesidade foi mais elevada nos países insulares do Caribe, da Polinésia e da Micronésia, e países do Médio Oriente e do Norte da África. A prevalência da obesidade era mais elevada do que a do baixo peso em 177 países (89%) para as mulheres e 145 (73%) para os homens em 2022, enquanto o inverso era verdadeiro em 16 países (8%) para as mulheres e 39 (20%) para os homens.

De 1990 a 2022, considerando crianças e adolescentes, a prevalência combinada de desnutrição e obesidade diminuiu entre as meninas em cinco países (3%) e entre os meninos em 15 países (8%), e aumentou entre as meninas em 140 países (70%) e entre os meninos em 137 países (69%). Os países com maior prevalência combinada de magreza e obesidade em crianças e adolescentes em 2022 foram a Polinésia, a Micronésia e países do Caribe para ambos os sexos, e no Chile e no Qatar para os meninos. A prevalência combinada também foi elevada em alguns países do sul da Ásia, como a Índia e o Paquistão, onde a desnutrição continuou a prevalecer apesar de ter diminuído. Em 2022, a obesidade em crianças e adolescentes era mais prevalente do que a magreza entre as meninas em 133 países (67%) e os meninos em 125 países (63%), enquanto o inverso era verdadeiro em 35 países (18%) e 42 países (21%), respectivamente. Em quase todos os países, tanto para os adultos como para as crianças e adolescentes, os aumentos da carga dupla de má nutrição foram impulsionados pelo aumento da obesidade, enquanto as reduções pela diminuição do baixo peso ou magreza.

Os resultados deste estudo mostram importantes transições globais do baixo peso e obesidade desde 1990. Em primeiro lugar, a prevalência combinada destas formas de má nutrição aumentou na maioria dos países, com a notável exceção de países do sul e sudeste da Ásia e para alguns grupos etários e sexo na África Subsaariana. Em segundo lugar, as reduções da dupla carga de má nutrição foram em grande parte impulsionadas pelo declínio da prevalência de baixo peso, enquanto os aumentos se deveram ao aumento da obesidade, levando a uma transição da predominância de baixo peso para o domínio da obesidade em muitos países.

O aumento da dupla carga de má nutrição tem sido maior em alguns países de renda baixa do Oriente Médio e do Norte da África; nos países de renda alta, como o Chile; e, no caso dos homens/meninos, na Europa Central. Estes países têm, atualmente, prevalências de obesidade mais elevadas do que os países industrializados de renda alta. Por último, finalmente, a transição para a obesidade já era evidente nos adultos em 1990 em grande parte do mundo, como mostrado pelo grande número de países em que a obesidade adulta excedia o baixo peso nessa época, e, desde então, tem-se seguido para crianças e adolescentes.

Assim, os resultados desta pesquisa evidenciam a importância global de políticas sociais, agrícolas e programas alimentares que ampliem o acesso a alimentação adequada e saudável. Essas medidas são cruciais para enfrentar a carga remanescente do baixo peso e, simultaneamente, enfrentar e reverter o aumento da obesidade.

Acesse o artigo na íntegra aqui!

Compartilhar

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *